
a asa é uma grande mão deformada, com os dedos pendentes, uma mão partida e inerte.
anjos plenos da intenção de voo, corpos de cor que erguem com eles a tela. parecem sempre prontos a sair. e depois vêem as palavras como machetes, cutelos, foices, que lhes quebram o desejo. e ficam anjos feridos. tal como perdizes, com um chumbo na asa, arrastam-se aos tropeços, tentando o equilíbrio e recaindo na ferida.
os anjos vieram morrer todos a esta casa, mas não os anjos alemães, que eram louros, altos e fodiam uns com os outros a limpa foda ariana. uma madrugada, desceu para eles outro anjo mais implacável, levou-os nus para o jardim e metralhou-os contra um fundo plácido de montanhas: o eco dos tiros devolvia ao amanhecer o silêncio pastoril.
rui nunes.
5 comentários:
e depois ele... o meu anjo maior.
antony.
dificil post, este.
como cada vez acho/sinto mais dificil a bjork.
voz demasiado cristalina. unica. calculada. isenta. limpa.
e o texto?...anjos louros, limpos, palavras partidas. desnudadas.
gostei à brava!!!
;)
bjork não me é potável.
antony torna esta música (a única que consigo ouvir da senhora)
um sopro
que não julgaria possível.
difícil este post, sim,
como me é difícil bjork,
mas como tenciona somas outras.
obrigada, rosa :)
Acabei por tropeçar por aqui e adorei! Parabens pela fusão de imagens e palavras..
Quero voltar a tropeçar neste espaço!:)
obrigada, beija-flor.
daqui a algum tempo talvez continue este espaço, em outros moldes, e com outros conteúdos.
bem-hajas.
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