17 dezembro, 2006

│sonoplastia│



nas casas de sol, abrigo simples, silencioso anoitecer,
flor ou folha, espessura branca do crepúsculo.
adormecer um sono verde
para escutar a perfeição do esquecimento.
para renascer em denso azul sobre as pálpebras.
para que tudo caminhe.

boa noite.

15 dezembro, 2006

│nebulosa│


passos que descansam da nervosa luta dos dias
fecham-se, caem em catedrais privadas de incenso,
chá, e gestos anteriores ao vento
que inscrevem no momento
uma casa que espera para navegar entre as estrelas.

a chávena quente que aquece as mãos e o coração tamanho de todo o mar.

05 dezembro, 2006

│little star│



ouço-te donde já não te existo.
teço zelosamente uma luva de algas
quando a tua imagem vem roer devagar uma página.

little star, by stina nordenstam.

03 dezembro, 2006

02 dezembro, 2006

│devagar│

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estou vivo e escrevo sol
eu escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
estou vivo e escrevo sol

se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol

a vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida

melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maraviha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde.




ramos rosa.
one night and it's gone, by colleen.

01 dezembro, 2006

│ventos de morder│

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depois da bonança veio a tempestade.

cicatrizo pela cidade cidade cinzenta, respiro com insistência os sons que trago nos bolsos, procuro a atmosfera íntima do centro da vida, trafico as ruas serpentinas e estreitas, com cheiro a esperma seco e a urina velha, a cidade acolhe o vómito que não aguenta demorar no espírito. a procissão urbana seduz-me, começa a arder, caminho dentro das chamas.

cada rosto passa leve, entre todos passo pesada e ninguém vê, cegam-me os olhos, não vejo por onde ando, só sei que ando, deve ser para algum sítio, mas não sei se quero voltar, entre muros que se cerram, perto da ruína, vou cair, espero que ninguém repare.

│the end│

perdeste o nome como eu há muito perdera a infância. trying to stay awake noite turva pelo tamanho do medo and remember my name tentando luc...