31 dezembro, 2006

│cronotomia│



dezembro : dezembro
quanto das tuas horas se adensou junto aos sentidos
sem rigor tão pouco mudamente.

dezembro : dezembro
quanto das tuas chuvas não secaram marés
que a retina larga
entre a luz e a sombra.

dezembro : dezembro
quanto do teu frio abriu fendas memória adiante
mente dérmica arrepiando imagens.

dezembro : dezembro
quanto das tuas esperas afastou com lenta agonia
a cortina do real imaginado.

dezembro : dezembro
quanto das tuas ruas me não encontro
me te perco não tendo contudo chegado.

voa, pássaro incriado, voa
cerce ao mar-dezembro
armazenando vento
como cigarra muda imaginando a formiga
em invernias permanentes.



sleeping inside, by lilium.

9 comentários:

(in)tacto disse...

lindo...

espaço de um tempo e seu silêncio.
espaço de ruas tracejadas por pés gastos.
saber ser em azul céu.

(adoro esta música, como sabes... traz uma viagem na ponta dos dedos)

:)

imo disse...

leio-te como uma criança extasiada a olhar um pássaro.
obrigada.

rosa disse...

lindos estes dois ultimos posts!

pessoa bonita que és.

Luis disse...

sleeping inside (aqui)

em quantos sitios dormirias? serena?

eu durmo (aqui) em paz

imo disse...

existe um rasto de ouro
que quem lê
deixa na página.
são as páginas que nascem
para desenterrar
os mais vagos tesouros.
obrigada, rosa.

imo disse...

enumeração dos sítios:
uma testa que se enterra na treva
fabricando a salvação chamada esquecimento.
a livre travessia de uma tontura musical.
o silêncio do olhar vago.
e nervosos sonhos com giz.

aonde?
morada de paz em ardósia.

:)

imo disse...

chamam a criança para dentro de casa. é já tarde, mas ela não quer deixar de ver os traços de fogo que o pássaro deixa no céu.
e permanece, esquecida, debaixo do vento, aquecida pelos
traços-traços-traços.
esse calor desenha aquele sorriso permanente.

sempre, (in)tacto.

(in)tacto disse...

:)

...


(uma pessoa muito bonita, mesmo)
teces fios de seda no coração de quem te lê. enleias um sorriso aquecido nas tuas mãos de aconchego.
é bom ser-te,
és-me o tanto que permanece,
amiga (e)terna*

Careca disse...

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura.
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco.

Mário Cesariny de Vasconcelos

│the end│

perdeste o nome como eu há muito perdera a infância. trying to stay awake noite turva pelo tamanho do medo and remember my name tentando luc...