21 janeiro, 2007

│em grande sido│





sobre cada papel o vapor do chá,
o ruído natural que o descanso aquece na página.
o incenso tece, como qualquer flor, um berço nas árvores em sete mares
um verso além das montanhas que roda nos eixos da imaginação.

cada silêncio convida um mar
uma aba branca branca como a vaga enumeração de uma chama.

20 janeiro, 2007

│vez de onda│


«eu vinha para a vida, e deram-me dias»
vivos com os seus lugares e espaço.
ontem nasci sem fim, e alimentei-me
nesta mesa que em duas se reparte.
uma aba no mar, vagante à toa,
trouxe os sabores de ondas, de orlas.
outra aba na terra mostrou-me as pedras
polidas, úberes, gastas. pedras
densas que me encheram o ventre
e me criaram similar à terra.
no mar tive cristais quebrados, jóias;
na terra, tão nítida poeira branca
que fundi as formas das flores visíveis.

e hoje é este olhar profundo,
deriva das imagens pelo mundo."

fiama hasse pais brandão dorme em leito de fogo.

15 janeiro, 2007

│we have a map of the piano│





às vezes lemos a nossa dor e tudo muda, um verso uma frase ressoam em nós como um segredo que se mostra, conseguimos, alguns conseguem, essa sobrevivência frase a frase, verso a verso, porque lhes fala tão próximo, porque parou para lhes falar, então deve ser essa, a que permite esperar, aquela onde descansarão.

rui nunes

31 dezembro, 2006

│ortopedia│





uma luz engelhada faz doer.
com os segundos as horas deixadas para trás
a mão aberta ao rosto lembra como inteiramente ser.
os anos aperfeiçoam a arte de caminhar pelos telhados.

guardam um poder mais forte
as mãos que não se deixarão fechar.

│cronotomia│



dezembro : dezembro
quanto das tuas horas se adensou junto aos sentidos
sem rigor tão pouco mudamente.

dezembro : dezembro
quanto das tuas chuvas não secaram marés
que a retina larga
entre a luz e a sombra.

dezembro : dezembro
quanto do teu frio abriu fendas memória adiante
mente dérmica arrepiando imagens.

dezembro : dezembro
quanto das tuas esperas afastou com lenta agonia
a cortina do real imaginado.

dezembro : dezembro
quanto das tuas ruas me não encontro
me te perco não tendo contudo chegado.

voa, pássaro incriado, voa
cerce ao mar-dezembro
armazenando vento
como cigarra muda imaginando a formiga
em invernias permanentes.



sleeping inside, by lilium.

│the end│

perdeste o nome como eu há muito perdera a infância. trying to stay awake noite turva pelo tamanho do medo and remember my name tentando luc...